terça-feira, 10 de abril de 2012

O Boitatá


O inexplicável fogo que serpenteia pelos campos e florestas. A bola luminosa que se esvai, ou persegue... A cobra-de-fogo, tora em brasa ardendo em chamas... Boitatá, o monstro de fogo.

Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas.
Na lenda corrente do Rio Grande do Sul, houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar. E de olhos bem fechados.
A tentativa de escapar da cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.

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