Uma mula negra, medonha e agressiva, que
possui no lugar da cabeça e da ponta da cauda, grandes labaredas ardendo num
fogo infernal. Suas patas possuem a forma de laminas afiadas, e ela emite um
relincho apavorante. Sua respiração emite chamas e ardor. Assim a Mula-sem-cabeça
sai pelos campos, soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter
cabeça.
A transformação em
mula é o castigo recebido pela mulher que se entrega sexualmente a um padre.
Nas noites de quinta para sexta-feira, ou de acordo com a lua, ou de sete em
sete anos, ou na quaresma, enfim — os períodos variam de região para região — a
concubina transforma-se e parte em galope desvairado, pisoteando tudo o que
encontra pela frente. Seus cascos, afiadíssimos, ferem como navalhas. Quando
retorna à casa, readquire a forma humana, porém está machucada, abatida, cheia
de escoriações. Na próxima noite fatídica, tudo acontece novamente.
Seu encanto,
segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de
ferro que carrega, ou lhe ferir, derramando seu sangue. Em seu lugar, aparecerá
uma mulher arrependida.
Diz a lenda que, se
escutares na madrugada o cavalgar da mula-sem-cabeça, confirmado pelo som
aterrorizante emitido por ela, jamais deve olha-la, nem ao menos espia-la, ou mostrar-lhe
as unhas, pois, aquele que a espia-la, será surpreendido com a mesma vindo em
sua direção.
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