segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Mula-Sem-Cabeça



Uma mula negra, medonha e agressiva, que possui no lugar da cabeça e da ponta da cauda, grandes labaredas ardendo num fogo infernal. Suas patas possuem a forma de laminas afiadas, e ela emite um relincho apavorante. Sua respiração emite chamas e ardor. Assim a Mula-sem-cabeça sai pelos campos, soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter cabeça.
A transformação em mula é o castigo recebido pela mulher que se entrega sexualmente a um padre. Nas noites de quinta para sexta-feira, ou de acordo com a lua, ou de sete em sete anos, ou na quaresma, enfim — os períodos variam de região para região — a concubina transforma-se e parte em galope desvairado, pisoteando tudo o que encontra pela frente. Seus cascos, afiadíssimos, ferem como navalhas. Quando retorna à casa, readquire a forma humana, porém está machucada, abatida, cheia de escoriações. Na próxima noite fatídica, tudo acontece novamente.
Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega, ou lhe ferir, derramando seu sangue. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida.
Diz a lenda que, se escutares na madrugada o cavalgar da mula-sem-cabeça, confirmado pelo som aterrorizante emitido por ela, jamais deve olha-la, nem ao menos espia-la, ou mostrar-lhe as unhas, pois, aquele que a espia-la, será surpreendido com a mesma vindo em sua direção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário